Presenciei uma criança de quatro anos e meio assistir uma mulher
perseguindo um jogador de futebol do campo de treino até sua casa. Ela entra no
porta malas do carro dele sem ele ver. chegando em casa, ele sobe para o quarto e vai tomar banho. Ela sai do
carro, sobe e troca de roupa colocando uma camisola. Deita na cama e fica
esperando ele sair do banho. Ao mesmo tempo chega a namorada na casa e entra no
quarto pegando a outra na cama dele e ele saindo do banho. Como é de se
esperar a cena vai para o comercial. Hoje são 20 de abril de 2012 e a cena
acontece às 22 horas. A rede Globo pode dizer que esta criança de 4 anos é
responsabilidade dos pais e que não tem culpa se ela assistiu e aprendeu como
fazer a mesma coisa. Acontece que a TV estava em uma lanchonete cheia de gente
aqui na cidade de Parambu/CE e não tem como exigir mudança de canal porque as
pessoas são pegues de surpresa. Quando se vê já passou. A cena desta novela
AVENIDA BRASIL aconteceu ao som da Banda Aviões do Forró. Já não bastasse a
cena forte para uma criança, a música é de péssima qualidade e a letra
estimulava a mulher a perseguir. Quando
perguntei a ela quantos anos tinha me respondeu que tinha 4 anos e que ia fazer 5 anos. Depois
voltou a olhar para a TV e quando chegou ao intervalo olhou para mim e para a
menina que estava com ela e disse: É doida esta mulher!
COMENTÁRIOS:
Marcus Vmm Bom,
talvez a cena da novela não seja tão forte quanto as letras das músicas de
forró que essa criança ja deve ter escutado. Não que eu esteja defendendo a
cena da novela, mas falo que hoje em dia a criança vai se deparar com isso em
muitos lugares e nas mais diversas formas de entretenimento.
Sérgio Lira É
verdade Marcus
Vmm, tendo estas cenas colocadas de forma normal na TV, banalizam o dia a
dia. Entrar num carro sem ser convidada será visto como normal. É por isso que
tanta gente invade os espaços dos outros e acha que não está fazendo nada
demais. Diga-se de passagem os sons deste tipo de banda nos carros incomodando
as pessoas nas ruas.
Ana Ximenes A
banalidade que acontece no cotidiano não pode justificar a mídia de fazer algo
parecido em um canal aberto, estou errada? É fato e verdade que ela vai se
deparar com coisas piores, mas isso não pode nos tirar a sensibilidade de se
indignar quantas vezes forem preciso.
Sérgio Lira Já
estamos deixando de ser moscas sem asas. É a nossa indignação ultrapassando a
janela de nossas casas.
Inês Prata Girão Não
se escandalize Sérgio Lira.
Esta cena será imitada - guardadas as devidas proporções, por uma śerie de
garotas achando que ela, a sem-vergonha, está muito certa. Passa a valer como
conceito do tipo "eu quero eu posso" para um monte de garotas que não
têm outros valores morais senão os que a TV lhes dão. Infelizmente é o preço
que pagamos por um modelo educacional sem qualquer capacidade crítica. Todo
mundo acha que temos uma das melhores tvs. Afinal, Paulo Freire foi obrigado a
fugir do País porque defendia um modelo de educação reflexiva. Será que um dia
vamos poder reverter isso???.
Ana Ximenes Isso
sem falar na erotização de sempre feita em torno da mulher, a errada na
história, a que trapaça, é quem? A mulher. Ainda tem essa vertente machista
entranhada de forma indireta na cena. Pra completar o pacote.
Inês Prata Girão Ana
Ximenes, não é banalização das relações que está sendo refletida na Tv. É a
sociedade seguindo um modelo traçado " assim despercebidamente" por
uma série de especialistas em comportamento que querem e estão trabalhando e
gastando muito $ para isso. A Malhação planta horário nobre rega e fertiliza. Ǘitória da civilização do
prazer pelo prazer, sem compromisso e sem responsabilidades. E que os filhos
dessa geração se explodam, num consumo exagerado, que segue em frente e
encontra a droga pela caminho.Viva a liberdade de expressão! (ou o q se faz em
nome dela)
Sérgio Lira Minha
cara Inês
Prata Girão, fique tranquila que não estou escandalizado. É indignação com
ação. Nosso debate aqui só homenageia Paulo Freire e me faz lembrar de Trotsky:
" Toda história está a serviço de nosso ideal. Ela trabalha com uma
bárbara lentidão, com uma impassível crueldade. Mas estamos seguros dela".
Inês Prata Girão Graças
a Deus temos um grupo trabalhando. Isso não deixa morrer a esperança. É que os
mais vehos, ao contrário do que se pensa, têm mais pressa, porque sabem que
lhes resta menos tempo e sonham em ver acontecer alguma coisa. Xero!