
Assistindo a reportagem da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes atingido por tiro disparado pelos traficantes em uma ação da polícia, fiquei preocupado. A reportagem falava de atentado à liberdade de imprensa. Mas como? A reportagem do Jornal Nacional mostrou o cinegrafista acompanhando o policial em ação e ficando atrás dele na hora em que levou o tiro. A cena filmada pelo cinegrafista da Globo detalhava bem como a vítima estava trajado. Com uma roupa da cor dos policiais, colete à prova de balas como os policiais e uma câmera média que poderia se confundir com uma arma. Na hora do tiro o cinegrafista estava atrás de um policial e poderia ser confundido com se fosse um policial também. E se o traficante estava tentando acertar o policial e o tiro apenas atingiu o cinegrafista por erro de mira? Será que o traficante se incomodaria tanto com a imprensa assim a ponto de achar mais perigoso o cinegrafista do que os policiais armados? Pode até ser que o medo de que o cinegrafista mostrasse com a lente da câmera aonde eles poderiam estar escondidos fixasse uma preocupação que justificasse o objetivo de atingi-lo. Mas fazer desta ação um atentado à liberdade de imprensa é um oportunismo que não é barato. Acho até que com certas reportagens, a imprensa ajuda os bandidos informando a ação e as investigações que a policia faz em seu trabalho. É preciso ficar atento no que tem por trás deste jogo de palavras e de cenas.